17/07/2018
Por: marketing

Professora usa música para diminuir estresse de universitários nos EUA

Com apresentações de um quarteto de cordas, a professora brasileira conseguiu acalmar os alunos de odontologia antes de uma prova prática e de duas atividades no laboratório

Antes de ter de ligar o motorzinho e testar os conhecimentos nas bocas dos bonecos durante a prova prática do curso de odontologia, os futuros dentistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, assistem a um pequeno concerto de música clássica para aliviar o estresse.

A iniciativa de usar os benefícios da música para reduzir a ansiedade e aumentar o rendimento entre os alunos do primeiro ano do curso de graduação em odontologia é da professora brasileira Elisabeta Karl, de 51 anos, que leciona na Universidade de Michigan há cinco anos.

Com três apresentações do Quarteto de Cordas formado por estudantes de artes da própria insituição na cidade de Ann Arbor, em Michigan, Elisabeta conseguiu acalmar os alunos antes de uma prova prática e de duas atividades no laboratório.

A disciplina ministrada por ela, de dentística restauradora pré-clínica, é dita entre os recém-universitários como uma das difíceis do curso porque tem 80% de aulas práticas. Nelas, os estudantes desenvolvem habilidades básicas em instrumentação dental, princípios de odontologia cirúrgica e técnicas para restaurações dos dentes.

“É motivo de ansiedade porque é quando os iniciantes aprendem a lidar com o motorzinho do dentista, aprendem a cortar um dente. É um curso bem puxado, e em geral os alunos se sentem estressados”, diz.

Elisabeta lembra que o inverno longo e rigoroso também contribui para que eles se sintam mais nervosos. “No final do inverno até quem é daqui está louco para ver o sol de novo”.

Mozart

Ouvir os clássicos dos compositores Mozart, Borodin e Josquin, no entanto, surtiu efeito. As apresentações duram até meia hora e acontecem dentro da faculdade de odontologia. Para medir a ansiedade dos alunos, a professora aplicou um questionário resumido em seis testes, conhecido como Spielberger State-Trait Anxiety Inventory (STAI-6), em inglês, antes e depois dos concertos.

Segundo ela, os resultados foram surpreendentes: antes da apresentação musical, 30% da turma estava ansiosa e só 5% se sentia calma. Depois de ouvir o concerto, o cenário se inverteu e 30% declarou se sentir calmo, enquanto só 3% se sentia ansioso, diz Elisabeta.

A brasileira também notou uma evolução em uma das notas da avaliação prática. “Nessa prova os alunos precisam reproduzir o contato nos dentes anteriores e em geral há muita dificuldade. Houve uma melhora de 24%. Não acredito que tenha sido só a música porque o curso é difícil e fazemos os alunos treinarem muito, mas ela com certeza ajudou.”

No geral, o desempenho da turma foi melhor comparado aos dos alunos do ano anterior que não participaram do projeto de terapia musical.

Alunos do curso de odontologia que assistiram ao concerto antes das atividades práticas (Foto: Universidade de Michigan )

Alunos do curso de odontologia que assistiram ao concerto antes das atividades práticas (Foto: Universidade de Michigan )

Como surgiu a ideia?

Há dois anos a professora participou de um curso sobre tratamentos alternativos e começou a pesquisar sobre como a música pode acalmar uma pessoa e influenciar no seu aprendizado. “Nessa época eu comecei a me interessar ainda mais por maneiras alternativas de reduzir ansiedade tais como, yoga, terapia musical, terapia com artes, exercícios respiratórios entre outros.”

Em 2017, Elisabeta entrou com um pedido de financiamento para projeto na University Musical Society (UMS), uma organização da Universidade de Michigan que busca promover música e artes na comunidade. A brasileira conseguiu patrocínio para este e para o próximo ano. Para 2019, os alunos do primeiro ano do curso de odontologia têm garantido quatro concertos, além de um aberto para os estudantes de todos os anos.

“Sabia que os concertos eram bons e que meus alunos iam gostar. Eles aplaudiram de pé, fizeram cartão de agradecimento. Foi um exercício de gratidão, uniu os alunos pela música, trouxe humanidade para o curso”, afirma Elisabeta.

A brasileira fez graduação e mestrado na Universidade de Brasília, e o doutorado em 2001 na Universidade de Michigan. Em 2013, ela recebeu o convite da instituição norte-americana para lecionar.

Aluna do curso de odontologia da Universidade de Michigan em prova prática (Foto: Universidade de Michigan )

Aluna do curso de odontologia da Universidade de Michigan em prova prática (Foto: Universidade de Michigan )

Alunas do Quarteto de Cordas da Universidade de Michigan que participaram do concerto para o curso de odontologia (Foto: Universidade de Michigan )

Alunas do Quarteto de Cordas da Universidade de Michigan que participaram do concerto para o curso de odontologia (Foto: Universidade de Michigan )

Fonte: G1

 





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