04/06/2018
Por: marketing

Por que você gosta de ouvir a mesma música sem parar.

 

Tocar, começar de novo, repetir: algumas músicas parecem não enjoar nunca. Por quê?

 Não existe resposta definitiva, mas sabemos que algumas músicas evocam sentimentos ou lembranças específicas que nos fazem viajar no tempo. E às vezes as músicas simplesmente grudam no ouvido. Especialistas em música descrevem as várias maneiras pelas quais certas canções nos afetam – e deram as seguintes explicações para o porquê de tocá-las sem parar.
A música é parte da sua identidade.

Um dos principais motivos para nos identificarmos com uma música é a conexão que ela estabelece com parte de nós mesmos.

“A música é uma maneira de criarmos nossa identidade pessoal”, diz Kenneth Aigen, diretor do programa de musicoterapia da Universidade de Nova York. “É parte da construção da identidade. Algumas pessoas dizem que você é o que come. De várias maneiras, você é o que toca ou o que ouve.”

Aigen explicou que a letra, a batida e outras características da música podem representar diferentes sentimentos e atitudes que ampliam nosso senso de identidade.

“Cada vez que ouvimos de novo nossa música predileta, estamos reforçando o senso de quem somos, de onde viemos, o que valorizamos”, afirma Aigen.

Pablo Ortiz, professor de composição musical da Universidade da Califórnia em Davis observa que certas canções nos conectam com épocas passadas porque carregam consigo um determinado sentimento.

“Quando você ouve uma música que costumava ouvir aos 15 anos, por exemplo, os sentimentos daquele período da sua vida voltam intactos”, disse ele. “O sim é abstrato o suficiente para atingir diretamente a parte do cérebro responsável por sentimentos.”

“Algumas pessoas dizem que você é o que come. De várias maneiras, você é o que toca ou o que ouve.” – Kenneth Aigen, diretor do programa de musicoterapia da Universidade de Nova York

 

A música foi feita para ouvir no repeat.

 

Muitas músicas que ouvimos sem parar ganham o nome de “música do verão”, uma classificação da revista Billboard que se baseia na popularidade das músicas mais tocadas durante o verão nos Estados Unidos.

Nessa época do ano, você pode ouvir as mesmas quatro ou cinco músicas sem parar no rádio. Alguns exemplos recentes: Cheerleader, de OMI; Despacito, de Luis Fonsi e Daddy Yankee (tanto a versão original como o remix com Justin Bieber) e Call Me Maybe, de Carly Rae Jepsen.

Laura Taylor, compositora e designer de sons que produz músicas para comerciais, máquinas de caça-níqueis e videogames explica por que algumas delas são criadas especificamente para que você queira ouvi-las no repeat.

“Do ponto de vista técnico, um dos truques que usamos é, nos versos, manter a instrumentação esparsa e o campo estéreo um pouco mais estreito”, diz Taylor.

“Quando chegamos ao refrão, a parte em que todo mundo canta junto, há mais instrumentação. Uma parede de guitarras ou de teclados. Também podemos deixar a música um pouco mais alta no refrão”, explica ela.

Taylor define uma música grudenta da seguinte forma: “uma melodia simples e fácil de acompanhar e de cantar, mesmo que você não saiba cantar”. Ela diz que Family Affair, de Mary J. Blige, é uma de suas músicas de verão prediletas.

“Mary é uma cantora incrível”, diz Taylor. “A voz dela tem muita personalidade e atitude, e acho que isso ecoa junto às pessoas.”

“As pessoas que falam espanhol gostaram do fato de que era algo cultural com que eles podiam se conectar. E que hit virou a música.” – Isaura González, psicóloga, sobre o hit “Despacito”

O verão pode afetar seus hábitos de consumo de música.

Aigen sugere que a estação pode fazer as pessoas ouvir a mesma música várias vezes.

“O verão tem essas associações míticas para todos nós”, diz ele. “Nossas rotinas mudam, vamos mais para a rua. É quase como voltar a viver junto à natureza. Não estamos mais presos em nossos casulos.”

Isaura González, psicóloga e fundadora da ONG Latina Mastermind, também observa que certas músicas podem ser uma comunhão para amigos e parentes.”

Ela observa que algumas canções podem ser uma experiência cultural para grupos de pessoas. Despacito, por exemplo, virou um hit mundial, para quem fala espanhol ou não.

“As pessoas que falam espanhol gostaram do fato de que era algo cultural com que eles podiam se conectar. E que hit virou a música”, afirma González.

“Havia aquele tom melódico e essa repetição”, disse ela. “As pessoas de língua espanhola gostaram do fato de que era algo cultural que eles pudessem se conectar. E tornou-se um grande sucesso.

Algumas música são atemporais.

 

É claro que existem músicas de décadas atrás que as pessoas adoram até hoje. Aigen diz que todo ano fica surpreso com o fato de seus alunos, a maioria de 20 ou 30 e poucos anos, conhecerem vários hits da década de 1960.

“Aquela época teve algo muito especial que permitiu a criação de arte que vai durar por muito, muito tempo”, afirmou ele.

Aigen menciona Bob Dylan e Bob Marley. Eles conseguiram acessar “uma faceta arquetípica da experiência humana”, uma qualidade atemporal que eleva suas músicas à condição de arte.

“Não são commodities populares por dois meses que depois vão desaparecer”, diz ele. “Elas foram criadas com uma motivação diferente.”

 

Outras são simplesmente grudentas.

 

Aigen brinca que, nos anos 1990, não tinha como escapar de Macarena.

“Às vezes as músicas são muito grudentas. É por isso que elas criam essa sensação de familiaridade e conforto, e você volta a ouvi-las várias e várias vezes.”

Qualquer que seja a razão por trás das suas músicas prediletas, é provável que elas te façam sentir alguma coisa. E nem sempre estamos falando de felicidade. Às vezes afirma Ortiz, é gostoso apenas sentir.

“As pessoas adoram ouvir a mesma música sem parar porque isso ajuda a reviver um sentimento. Pode ser tristeza, melancolia ou alegria”, diz ele. “Estamos sempre tentando voltar a esse ‘paraíso perdido’. E a música ajuda.

 

Fonte: www.huffpostbrasil.com

 





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