13/10/2016
Por: marketing

Ingressos de shows sobem mais de 40% no Brasil, com aluguéis e cachês mais altos

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Hits. Show da banda britânica Coldplay no Maracanã: em 2010, ingresso custava R$ 250. Neste ano, saiu a          R$ 360. Preços aumentaram apesar da queda do dólar Foto: Barbara Lopes / Barbara Lopes/10-4-2016

SÃO PAULO – Assistir à apresentação da sua banda favorita ou a um dos festivais internacionais de música pop em que o Brasil tem lugar cativo anualmente, como o Lollapalooza, está cada vez mais caro para os brasileiros. Quem viu os britânicos do Coldplay lá em 2010, quando se apresentaram no Rio e em São Paulo, pagou R$ 250 por um lugar na pista. Para ver e ouvir Chris Martin e seus amigos desfilando os novos hits do repertório da banda este ano, na série de shows que fizeram por aqui, o ingresso na pista já custava R$ 360, ou 44% mais do que daquela vez.

Uma parte da escalada dos preços dos shows internacionais está ligada ao câmbio, mas outros fatores contam, como o custo dos espaços, ou arenas, onde são realizados os eventos e o cachê dos artistas na época da contratação. Assim como no mercado de ações, o preços de bandas e cantores têm momentos de alta e de baixa, conforme suas músicas arrebatam mais ou menos os fãs. Ainda tem a retração econômica, que espanta os patrocínios, encarecendo os ingressos.

Apesar da crise econômica, o Brasil segue firme na rota dos shows internacionais. A diferença é que ficou mais difícil fechar as contas e tornar os projetos rentáveis. Em geral, os produtores trabalham com um mix de receitas: venda de bilheteria e patrocínios.

Para os produtores de menor porte, conseguir o apoio financeiro necessário de anunciantes está bem mais difícil. No caso dos grandes, as metas de venda de cotas de patrocínio até são atingidas, mas as empresas que investem passam a querer mais do que a exposição de sua marca, como uma maior presença nos locais das apresentações. Ou, seja, espaços maiores para as ações de marketing e a cessão de mais ingressos para distribuição a parceiros, drenando as bilheterias.

— As empresas estão negociando para, dentro da mesma cota de patrocínio, ter mais benefícios. É um jeito de aumentar a visibilidade — confirma Celio Ashcar Junior, presidente da Associação de Marketing Promocional (Ampro).

RECEITA DE PRODUTORAS INFLA

Tudo isso encarece o preço final ao consumidor. No caso do Lollapalooza, que terá sua quinta edição no país no ano que vem, o ingresso para os dois dias do festival, no primeiro lote, está saindo por R$ 800, ou 21,2% a mais em relação ao ano passado. No ingresso para um dia, a R$ 540, a alta chega a 42,10%. São variações superiores à inflação dos serviços de lazer, que no acumulado do ano está em 6,2%. E o dólar caiu ante o real 15% no mesmo período.

A disparada no preço dos ingressos se confirma nos números da Time For Fun (T4F), uma das maiores produtoras do país e responsável pelo Lollapalooza no Brasil, por exemplo. O valor médio do tíquete para shows, nacionais e internacionais, no primeiro semestre deste ano foi de R$ 292, valor 70% maior que na primeira metade de 2015. As receitas da T4F com shows cresceram 266%, para R$ 411 milhões nos seis primeiros meses deste ano. Como os patrocínios cresceram apenas 28%, bem abaixo da expansão das despesas (150%,) a diferença veio da elevação dos ingressos.

Procurada, a T4F não quis comentar os números, mas durante a teleconferência de apresentação do balanço do segundo trimestre, o presidente da empresa, Fernando Altério, reconheceu que a crise econômica afetou as receitas com patrocínio.

— Nosso grande desafio é retomar o patamar histórico de patrocínio, que em função do cenário econômico vem sendo bastante afetado. Nos últimos cinco anos, o percentual de patrocínio foi, em média, 20% de nossa receita, e no primeiro semestre, de 10% — disse ele na ocasião.

Renata Silva, gerente de marketing da Heineken, conta que a empresa conseguiu manter o volume de investimentos para o ano:

— Somos patrocinadores do Rock in Rio e de outros eventos tradicionais. O que vimos é que produtores menores tiveram que tirar um pouco o pé do acelerador. Teve uma retração, porque nesse ambiente de recessão eles não conseguem competir com grandes plataformas de eventos na busca por patrocínio.

SEGUNDO MAIOR MERCADO NA AMÉRICA LATINA

Um estudo da PricewaterhouseCoopers mostra que o Brasil é o segundo maior mercado de entretenimento da América Latina, movimentando US$ 36 bilhões em 2015. A expectativa é que chegue a US$ 48,7 bilhões em 2020. A consultoria observa que, no caso da indústria de música, os artistas estão cada vez mais dependentes de apresentações ao vivo, o que coloca o país na rota das turnês.

Esse mercado bilionário incrementa a conta de fornecedores. Na corretora de seguros Aon, uma das maiores na cobertura de riscos nesses eventos, tem crescido a preocupação com a saúde dos artistas.

— Sempre teve a preocupação com a cobertura básica, de um cancelamento por questão climática, mas agora também se pensa mais na saúde do artista. Idade é levada em conta, em especial se for o artista principal de um festival. O seguro varia de 2% a 5% do custo — explicou Midiã Borges, diretora da Aon.

Tulio Carvalho, superintendente de Riscos Especiais da Seguradora BB Mapfre, avalia que o mercado continuará em alta:

— Temos cobertura básicas e coberturas adicionais que estão sendo mais demandadas, como seguros para os instrumentos musicais das bandas.

Fonte: Extra – Globo

 





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