Bezerra da Silva, que faria 90 anos, é seminal para música brasileira
Pernambucano radicado no Rio, músico atravessou o samba e influenciou do rap ao rock
Nascido em Pernambuco, Bezerra da Silva chegou ao Rio de Janeiro escondido em um navio. Foi nos morros cariocas onde encontrou sua identidade musical. Morto em 2005 vitimado por um ataque cardíaco, o sambista completaria 90 anos hoje e sua música permanece como influência para nova geração de artistas.
Vivendo da adolescência até a morte no Morro do Cantagalo, Zona Sul do Rio, Bezerra foi o porta-voz do cotidiano das favelas com letras repletas de críticas sociais ao poder público, mas sempre com deboche e bom humor, personificando a figura do malandro no samba dos anos 1980 em músicas como Malandro é Malandro, Mané é Mané, A Semente e Malandro Não Vacila.
Outro diferencial do músico era sua levada vocal influenciada por ritmos pernambucanos como o coco – chegou a gravar dois álbuns entitulados O Rei do Coco, em 1975 e 1976.
Apesar de fazer músicas com brincadeiras ou mesmo apologias às drogas (caso de A Fumaça Já Subiu Pra Cuca e Cocada Boa), seus parceiros e seus filhos sempre falam dele como uma pessoa “careta”, que não gostava das drogas. No fim da vida, ele se converteu à Igreja Universal e ia aos cultos três vezes por semana. Chegou a gravar a música Gente Fina, do agora prefeito eleito do Rio Marcelo Crivella, que conta a história de um homem que rompeu com os vícios, virou um “dizimista fiel” e, chamado de maluco, diz que é “maluco por Jesus”.
MESTRE
A influência de Bezerra atravessou os limites do samba e se expandiu por toda a música brasileira, do rap ao rock. O Planet Hemp e o Rappa foram os dois principais difusores de sua obra nos anos 1990, chegando a gravar uma música com Marcelo D2 (A Erva) e com o Rappa (Candidato Caô Caô, releitura de uma música de 1988 lançada em um vídeo clipe de sucesso em 1996).
Em 2013, o canal Bis realizou uma edição da série Bis Docs em homenagem ao cantor. O programa Moyséis Marques, B-Negão, Jards Macalé, Isabella Taviani, Casuarina, Autoramas e Marcelo D2 fazendo versões de suas músicas favoritas do mestre da malandragem.
fonte: uol – GG ALBUQUERQUE
